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04 março 2010

Cotidiano Mazoquista

Estranho imaginar tudo que havia passado , e eu mergulhada em vicios diários, no cotidiano cansativo e sem nenhuma novidade. Já não sei mais se o que escrevia relatava meus pensamentos, ou se era o que eu queria viver, ou se eu havia vivido.
Gostava de lembrar dos acordes da guitarra, e me embriagar com pensamentos nebulosos.
De certa forma era um amor meio mazoquista. Não sabia o porque, mas tudo que me fazia lembrar, mesmo que sofrendo, me enchia de uma sensação estranha da qual eu gostava.
Seria meu motivo de recordar, de não esquecer nunca, se eu esquecesse, as palavras sairiam da minha cabeça.
Gostava do seu jeito de me abraçar e me dar um oi repentino com aquela apertadinha na cintura, e se esconder de todo mundo rindo com o cigarro na mão, andando pelas ruas da cidade gélida.
Casinhas coloridas com paredes rabiscadas de desenhos alternativos.
Gostava da jaqueta com detalhes no ombro, do nike branco com detalhes vermelhos, da barba por fazer, dos olhos castanhos, e do sorriso, acompanhado das mãos suaves passando entre os fios do meu cabelo. Guardei cada momento, sem razão nenhuma, apenas guardei.
Eu sabia o que passava em sua cabeça, eu gostava daquela sensação de poder , da sensação de ser o centro, linda, como ele me chamava, sempre falava para todos, ela é linda.
E ele foi, a barba eu já não sentia mais, já não sentia o cheiro, nem o gelado da jaqueta de couro encostando meu rosto quando eu abraçava. Como se eu não mais existisse, um sopro, veio, e foi, simplesmente deixou de ser razão.

Foto originais: Leonardo Tomaz no orkut     
Modelo: Leonardo Tomaz

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